Por Marcos Lauro
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Nara Leão, Gal Costa e Tom Zé. Esse time, a nata e o que de mais novo existia na MPB na época, se reuniu no fim dos anos 1960 para fundar um movimento: a Tropicália.
Em termos gerais, o movimento se aproveitava da antropofagia, conceito que pega elementos culturais de todo o mundo para criar suas próprias obras e conceitos. E o disco que serviu de base para essa nova ideia foi Tropicália ou Panis et Circensis.
Os nomes citados acima foram apenas a vidraça. Por trás deles haviam compositores, poetas e outros artistas, além do produtor e maestro Rogério Duprat. Ele entendeu essa proposta de misturar para criar e isso é explicitado no disco de forma não menos que genial.
Misere Nobis abre o disco com Gilberto Gil e Coração Materno, de Vicente Celestino, aparece na voz de Caetano Veloso. As duas fazem o clima para que Panis et Circensis mostre a que o disco veio: tirar as pessoas da comodidade, do lugar-comum, da “sala de jantar”.
Depois, pintam alguns hinos como a belíssima Parque Industrial e Baby. As vozes vão se revezando e mostrando uma diversidade que talvez nenhum disco brasileiro tenha mostrado antes. Diversidade de ritmos, estilos, vozes, sotaques…
No final, mais mistura: macumba e catolicismo, com Bat Macumba, uma poesia concretista de Caetano e Gil musicada pelos Mutantes. Para encerrar, o Hino ao Senhor do Bonfim, homenagem ao padroeira da Bahia.
Analise esse disco do ponto de vista que quiser: provavelmente ele será o mais importante da história da música brasileira.
Tropicália – Tropicália ou Panis et Circensis
- Miserere Nobis
- Coração Materno
- Panis et Circencis
- Lindonéia
- Parque Industrial
- Geléia Geral
- Baby
- Três Caravelas (Las Tres Carabelas)
- Enquanto Seu Lobo Não Vem
- Mamãe, Coragem
- Bat Macumba
- Hino ao Senhor do Bonfim