Cartola II: disco do Cartola, de 1976
Por Leo Morato
O Led Zeppelin tem seus discos II, III e IV do final da década de 60. Discos antológicos. Mas como quem não gosta de samba, bom sujeito não é, ou é ruim da cabeça ou doente do pé ou um pouco desatento às preciosidades do gênero, poucos anos depois, um dos gênios da música brasileira lançou o seu “II”, que acabou se tornando um dos mais importantes álbuns da história da música do país.
Sabe quando aquele seu coleguinha, que diz gostar de rock, vem com frases de recalque filosófico e afirma que “O mundo dá voltas”, se vangloriando por citar CPM 22(?!)? Pois a citação dele é de 1976, de um moço chamado Angenor de Oliveira, o célebre Cartola. “O mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho, vai reduzir as ilusões a pó”, diz o moço, também conhecido como Cartola, em música que teria sido feita para sua enteada, que anunciara pretender sair de casa para se prostituir.
O disco parece uma coletânea, mas é apenas o segundo da carreira do sambista (como diz o próprio nome do álbum) e tem um caminhão de letras para fazer qualquer marmanjo tirar ciscos dos olhos. Como “Deixe-me ir, preciso andar. Vou por aí a procurar, rir pra não chorar. Quero assistir ao Sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar. Eu quero nascer, quero viver”, ou “Queixo-me às rosas. Mas que bobagem, as rosas não falam. Simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti”.
Parece poesia, mas é a música brasileira, meu caro!
Cartola – Cartola II
- O mundo é um moinho
- Minha
- Sala de recepção
- Não posso viver sem ela
- Preciso me encontrar
- Peito vazio
- Aconteceu
- As rosas não falam
- Sei chorar
- Ensaboa
- Senhora tentação
- Cordas de aço
Não Pulo Uma Faixa 