Black Alien – Abaixo de Zero: Hello Hell – 2019

Black Alien – Abaixo de Zero: Hello Hell – 2019

Black Alien – Abaixo de Zero: Hello Hell – 2019

Por Marcos Lauro

O rap é um gênero, por definição, biográfico. Mesmo que o MC crie personagens para contar suas histórias, sempre tem elementos muito pessoais por trás daquelas letras. As letras, quase sempre em primeira pessoa, colocam o MC para viver o que está sendo dito e servir de exemplo para sua audiência. Mas tem um cara que já passou por tanta coisa nessa vida que não precisa de personagem. Transparente como em suas entrevistas, Black Alien volta com Abaixo de Zero: Hello Hell narrando suas vitórias e derrotas de cara limpa.

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Kendrick Lamar – DAMN. – 2017

Kendrick Lamar – DAMN. – 2017

Kendrick Lamar – DAMN. – 2017

Por Marcos Lauro

Quando Kendrick Lamar nasceu, sua terra natal, Compton, fervilhava. Entre o final dos anos 1980 (o rapper é de 1987) e o meio dos anos 1990, a cidade californiana era o centro nervoso do rap norte-americano, especialmente o gangsta. Como qualquer periferia no mundo, Compton sofria com o abandono do Estado e a ocupação do poder paralelo organizado em gangues que protegiam bairros, mas, ao mesmo tempo, levavam muitas mortes aos jovens negros da região com suas guerras entre si. Nesse contexto, artistas nativos como N.W.A. (de onde saíram Dr. Dre, Eazy-E e Ice Cube, entre outros) e Coolio cantavam sobre a vida no crime, problemas e (poucas) soluções.

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A Tribe Called Quest – The Low End Theory – 1991

A Tribe Called Quest – The Low End Theory – 1991

A Tribe Called Quest – The Low End Theory – 1991

Por Marcos Lauro

Antes de entrarmos de vez nessa obra nos nova-iorquinos do A Tribe Called Quest, precisamos entender dois contextos que são profundamente importantes para esse resultado final, atemporal e que ouvimos até hoje – sem pular nenhuma faixa.

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Racionais MC’s – Sobrevivendo no Inferno – 1997

Racionais MC’s – Sobrevivendo no Inferno – 1997

Por Marcos Lauro

No dia 20 de dezembro de 1997, os Racionais MC’s lançavam, oficialmente, o álbum Sobrevivendo no Inferno em show no Ginásio do Corinthians, na zona leste de São Paulo. O álbum já completava quase um mês nas ruas e, segundo a Folha de S. Paulo, já havia vendido cerca de 100 mil cópias, algo impensável para um grupo de rap nacional.

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Mano Brown – Boogie Naipe – 2016

Mano Brown – Boogie Naipe – 2016

Por Marcos Lauro (texto originalmente publicado na Billboard Brasil)

São Paulo começou a cultura dos bailes de periferia no final dos anos 1950. Como essas festas não tinham condições de contratar as grandes bandas que faziam sucesso na época, nasceu a figura do DJ – o marco é 1958, quando seu Osvaldo, o primeiro DJ do Brasil, começou a sua trajetória. Tocando num palco com as cortinas fechadas e sob o nome de Orquestra Invisível, o veterano DJ colocava a pista para dançar de uma forma mais econômica, que cabia no bolso dos organizadores.

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Sabotage – Sabotage – 2016

Sabotage – Sabotage – 2016

Por Marcos Lauro (texto originalmente publicado na Billboard Brasil)

Aquela semana de janeiro de 2003 foi intensa. Gravações na terça-feira, quarta e quinta, morte na sexta, dia 24. Um dia antes do aniversário de São Paulo, cidade-personagem da maioria das suas canções, Sabotage era assassinado aos 29 anos – apenas três nas artes.

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Chance The Rapper – Acid Rap – 2013

Chance The Rapper - Acid Rap - 2013

Chance The Rapper – Acid Rap – 2013

Colaboração de Maurício Amendola

“Even better than I was the last time”. A frase de abertura dá o tom de Acid Rap (2013), segunda mixtape de Chance The Rapper, que sucede 10 Day, lançada um ano antes e que despertou curiosidade sobre o que o jovem iria aprontar dali em diante. Acid Rap surgiu para mostrar que ele realmente estava melhor ainda. Apesar de ser tratado como mixtape, o trabalho soa muito mais como álbum, até mesmo como álbum conceitual. Conceitual porque as composições, em conjunto, montam uma única paisagem: uma intensa viagem de – como o título anuncia – ácido. Engana-se quem acha que o negócio aqui fica na futilidade e “papinho de drogado”. Além do flow insano e as letras sagazes de Chance – com direito a gritinhos e “nanana’s” que acabaram se tornando sua marca registrada –, que vão de good vibes a paranoias e incertezas antes das pupilas sequer dilatarem, a mistura de gêneros é algo esquizofrênica e o resultado é, para dizer o mínimo, muito original. O rap é o protagonista, mas há soul e acid jazz – marcado pelo trompete de Donnie Trumpet, parceria que resultou em Surf (2015) –, gospel, com os onipresentes coros, pop, e o chamado Chicago Juke, um Ghetto House mais acelerado, o qual marca presença em “Good Ass Intro”. Aliás, a terra natal do rapper, Chicago, é bastante “homenageada” ao longo das faixas, não apenas pelas referências nas letras, mas também pelos featurings.

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John Legend & The Roots – Wake Up! – 2010

Wake Up, disco de John Legend & The Roots de 2010

Wake Up, disco de John Legend & The Roots de 2010

Por Marcos Lauro

As eleições norte-americanas de 2008 trouxeram esperança não só para os habitantes daquele país como também para todo o mundo. Barack Obama era o primeiro presidente negro eleito, um sinal de igualdade e esperança. E, claro, essas eleições também inspiraram a cultura pop. Na música, um dos resultados foi o disco Wake Up!, produzido por John Legend e a banda The Roots.

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Elo da Corrente – Cruz – 2014

Cruz: disco do Elo da Corrente de 2014

Cruz: disco do Elo da Corrente de 2014

Colaboração de Pedro Paiva

Em um belo dia, eu, minha namorada e uns amigos íamos em direção a Moóca e coloquei o CD Cruz do Elo da Corrente pra tocar no carro. Logo na primeira faixa, com palavras fortes e uma voz sofrida que lembra muito as lamentações do Reginaldo Rossi, minha namorada pergunta: ”Que musica é essa?” Mas com um ar de espanto, querendo me recriminar por estar ouvindo musica “brega”. Só falei pra ela prestar atenção… – e PEI! Começa a pedrada!

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Racionais MC’s – Cores e Valores – 2014

Cores e Valores: disco dos Racionais MCs, de 2014

Cores e Valores: disco dos Racionais MCs, de 2014

Por Marcos Lauro

A espera acabou! 12 anos depois de Nada Como Um Dia Após o Outro Dia, chega Cores e Valores. Com esse disco, os Racionais MC’s compram uma briga com fãs tradicionais e que estavam acostumados e acomodados com o rap que era praticado pelo grupo.

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